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6. PRIMAVERA TARDIA (Banshun) Madalena Soares dos Reis

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Ficha Técnica

 

Realização: Yasujiro Ozu; Argumento: Kazuo Hirotsu; Kogo Noda; Yasujiro Ozu; Elenco: Hohi Auki; Setsuko Hara; Masao mishima; Kuniko Miyake; Chishu Ryu; Haruko Sugimura; Yoshiko Tsubouchi; Yumeji Tsukioka; Jun Usami; Música: Senji Itô; Edição: Yoshiyasu Hamamaura; Direcção Artística: Tatsuo Hamada; Duração: 103 minutos; Estreia Mundial: Tóquio, 19 de Setembro de 1949

 

Num cenário de delicada harmonia familiar instala-se o melodrama.

 

Uma jovem (Setsuko Hara) vive com o seu pai (Chishu Ryu), viúvo, e não pensa em casar, preferindo o conforto e a felicidade do seu lar de nascença às responsabilidades e aos deveres que virão com o casamento. O seu pai, com medo que ela fique sozinha quando ele morrer, leva-a a crer que se pretende casar novamente para que ela fique livre dele. A jovem vive na angústia de ser pressionada para casar. E é este o assunto do filme, assunto aliás dominante na obra de Ozu.

 

Será então este filme um subtil tratado sobre a má escolha que é o casamento?

 

É que as cenas iniciais do filme mostram a felicidade estática da pequena família. E esta visão do paraíso na Terra é destruída quando a ideia 8ou devo dizer, idade) do casamento começa a surgir. A pressão começa a surgir e vem de todos os lados: desde os parentes aos amigos, todos a aconselham a casar. No entanto, não se faz do casamento uma obrigação moral. Apenas aconselham a jovem a casar porque é a melhor escolha a fazer.

Por outro lado, também não são feitas no filme argumentações ideológicas contra o casamento. Mas, de uma certa forma, os filmes de Ozu sussurram que é possível uma vida de felicidade sem o casamento.

Ozu mostra as escolhas que as pessoas fazem, embora sobre pressão, mas de qualquer modo são escolhas. E os filmes acabam sempre num casamento. E Primavera Tardia não é excepção. E o casamento destruirá, no final, o lar feliz que observamos nas primeiras cenas.

 

A curiosa história de Setsuko Hara

 

A actriz principal desta Primavera Tardia é Setsuko Hara, a eterna virgem do Japão que, em 1963, desapareceu (entenda-se, deixou de fazer filmes). Foi o escândalo geral. Isto porque ela apenas alegou que nunca gostou de fazer filmes e que só os fazia para sustentar a sua grande família.

E pronto. Deixou de aparecer nos filmes. E ninguém lhe perdoou. Já lhe tinham perdoado o facto de ela nunca se ter casado, chamando-lhe a eterna virgem em vez de solteirona. Mas sair assim....não havia perdão possível.

Setsuko Hara, que representou vários papéis sociais (filha, noiva, esposa, mãe), revelou-se pela escolha que fez.

E a intenção de Ozu, ao fazer os seus filmes, era precisamente a revelação do carácter.


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